O fundador da Amazon.com Inc., Jeff Bezos, proprietário do Washington Post, disse que a decisão do jornal de parar de apoiar candidatos presidenciais aborda uma “lacuna de credibilidade” que aflige a indústria da mídia.
“A maioria das pessoas acredita que a mídia é tendenciosa”, disse Bezos num ensaio publicado no site do Post. “Quem não vê isso está prestando pouca atenção à realidade.”
Bezos também disse que a ação do Post não tinha relação com a reunião do ex-presidente Donald Trump com executivos da Blue Origin, outra de suas empresas, no dia do anúncio. A reunião foi marcada rapidamente e sem o conhecimento de Bezos.
“Suspirei quando descobri, porque sabia que isso daria munição para aqueles que gostariam de enquadrar isso como algo diferente de uma decisão de princípios”, escreveu ele.
O editor do Post, William Lewis, anunciou em 25 de outubro que o jornal não escolheria mais lados nas disputas presidenciais, algo que tem feito regularmente desde 1978. A equipe editorial estava preparada para apoiar a rival democrata de Trump, a vice-presidente Kamala Harris.
A decisão desencadeou uma tempestade de críticas, tanto dentro como fora do jornal. Vários editores e escritores renunciaram. Cerca de 200 mil assinantes, ou 8% do total, foram cancelados, informou a National Public Radio. Um porta-voz do Post se recusou a comentar.
Entre os que criticaram a decisão estavam Bob Woodward e Carl Bernstein, os repórteres cujas reportagens sobre o escândalo Watergate para o Post levaram o presidente Richard Nixon a renunciar.
Marty Baron, ex-editor executivo do jornal, disse à NPR na segunda-feira que, embora não discorde da escolha do jornal de não fazer endossos, ele acredita que o momento do anúncio do Post foi errado.
“Se esta decisão tivesse sido tomada há três anos, dois anos, talvez até um ano atrás, estaria tudo bem”, disse Baron. “Isso foi feito algumas semanas após a eleição, e não houve nenhuma deliberação séria e substantiva com o conselho editorial do jornal. Foi claramente feito por outras razões, não por razões de princípios elevados.”
Em seu ensaio, Bezos disse que o endosso presidencial “não faz nada para inclinar a balança de uma eleição”. Em vez disso, “criam uma percepção de preconceito”.
Isso permitiu que o espaço fosse preenchido por postagens nas redes sociais e outras fontes de notícias não verificadas. Ele pediu aos leitores que percebam que mudanças como a decisão de endosso são necessárias e que ele não promoverá seus interesses pessoais no Post.
“Também não permitirei que este artigo permaneça no piloto automático e se torne irrelevante – ultrapassado por podcasts não pesquisados e farpas nas redes sociais – não sem luta”, escreveu Bezos.
(Exceto a manchete, esta história não foi editada pela equipe da NDTV e é publicada a partir de um feed distribuído.)